A Morriña é uma Saudade de gato, diz miau enquanto se resfrega na batata da perna do seu dono.
A vida continua quando o vácuo do carinho é preenchido pelo calor de um contato físico, uma comida, uma palavra, um cheiro, um lar, uma lembrança de folha seca caindo da árvore na sucessão dos ocres e também húmidos e melancólicos outonos peninsulares.
De um lado ficou a tristeza e seu Fado, que não vingou no Brasil, de outro, a desconfiança da bruma e suas bruxas.
Se o galego é um português espanhol (Ariano Suassuna deve de ter uma opinião sobre isto, não tenho certeza), a Morriña é a irmã da Saudade, e vice-versa, só separada pelo rio Miño, de um lado ficou a tristeza e seu Fado, que não vingou no Brasil, de outro, a desconfiança da bruma e suas bruxas.
Tanto uma como a outra requerem um lacre interior extraordinário que só se dissolve na esporádica e taciturna saudade do gato.